sexta-feira, 25 de junho de 2021

escrevi isso aos quase 19 anos

"Preciso escrever", pensei agora há pouco após o banho tardio. Então corro pro computador fingindo pra mim mesma que essa porra pode funcionar como um pedaço qualquer de papel branco, que poderia ser arrancado de uns dos caderninhos deixados por Úrsula; ou poderia ser um dos pedacinhos de rascunho que ficam na cozinha junto às canetas.

Meu lado mais racional se questiona por que eu sinto coisas como — amor — . Sou capaz de me abrir e revelar todos os grandes mistérios? Como bater o martelo nos preguinhos das ripas da vida em dois?

Mas ao mesmo tempo entendo por que eu quero sofrer, por que existe minha necessidade de chorar.


Com quase 19 anos, Tenho me sentido uma completamente idiota. Improdutiva. Sem estímulos. Tirando uma filosofia do meio de não sei quê. Sem crença alguma. Inventando algum deus possível. Porque olhe bem para as coisas que larguei e que estão num enorme "pretendo voltar": violão, colagens, desenho, cantar?, escalada. Porque essas coisas só nascem quando sinto calafrios e solidão. E talvez eu precise delas pra sempre.


É o medo que vem no fim de ano, e que me faz lembrar as noites difíceis de São Paulo. E que talvez eu quisesse viver esse urbano terrível, esse esgoto que nunca vivi. Talvez porque o difícil me inspira mais e me dá vontade de andar por entre a multidão das ruas, filmando tudo. Pra tentar cutucar ainda mais aquilo que sinto logo após um momento de prazer: que o mundo é desigual e nunca deixará de ser.


Olho pra um lugar e vejo a cena de um filme que faria. Mas que sei sobre cinema?


Seja feliz, não se preocupe.

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