La ville des pirates, raoul ruiz
Fata morgana, herzog
Latcho drom
De pirar a cabecinha. Inesquecibile.
Habito essa caverna, estou num de seus cantos, desenhando sobre a rocha úmida montanhas, árvores, borboletas. Ilumino as paredes com a tocha de fogo que está na minha mão. Mexo a tocha de um lado para o outro, vai…vem, vai…vem. Das sombras, riscos-bichos se movem, vai…vem, vai…vem, riscos-mulheres se mexem, vai…vem, vai…vem, até parirem, no silêncio, vai…vem, vai…vem, o movimento.
Escrever caderno faculdade:
Arquivo etnografico
O que une os povos amazônicos, do sul da America do sul e australianos
Sonho como espaço de conhecimento
Universo onírico e imagético que aponta imagens vindas de uma outra esfera do tempo, que é uma esfera sincronica à esse tempo do presente, cotidiano, que nós vivemos
Australia = ancestrais totemicos,
Totemismo = referencia a uma geração anterior, dos fundadores da humanidade desse povo, que sua não-humanos, muitas vezes acidentes geográficos, animais. Elementos que o olhar moderno convencionou chamar “natureza”.
Esses povos estabelecem relações de parentesco com esses outros seres (os filhos da pedra, da ema, da nuvem)
Descola, povos achá norte da Amazonia
4 tipos de ontologias
Concepção ocidental = naturalista
Concepção oriental = analista (ideogramas mandarim, kanji)
Animismo = povos amazônicos, ânimo em todos os elementos da natureza
Totemismo = australianos, descendência de um ancestral totêmico, que pode ser um elemento mineral, animal, vegetal
Barbara glowscevski
Evita separação animismo x totemismo, busca elementos em comum
Pag 146;
Espaço-tempo virtual
O pensamento é que organiza os hiperlinks, pensamento reticular, em rede
Relação especular entre imagem mental e território
Pensamento em hipermídia
Aborígenes
Como o território, o mundo, é compreendido, entendido a partir da cosmologia
Ontologia e topologia
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Interator
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Representabilidade x representatividade
Interditos
Irrepresentáveis
O fogo sagrado é o cinema dos guarani
É de cima do fogo Onde se passam as imagens, as visões, comunicaçoes onde se encontrar, as memórias da pessoa que está sendo curada
Anciao txeramoi
Eu não sou uma pessoa, eu sou um ambiente (tantão)
Abrimos um portal muito perigoso, maravilhoso e letal
Matilde Campilho em entrevista, mencionando uma canção que não encontrei.
Para os protagonistas da película, o ‘eu’ do realizador se transforma durante as gravações. Deixa de falar e só grita ordens incompreensíveis (‘Ação!’, ‘Corta!’). Só os vê através de um estranho apêndice, e os escuta através de um microfone. Mas paradoxalmente, graças a este equipamento e a este novo comportamento (que não tem nada que ver com o comportamento da mesma pessoa quando não está filmando), o realizador pode entrar no ritual, integrar-se nele e segui-lo passo a passo. É um estranho tipo de coreografia que, se sai bem, faz que a câmera e o técnico de som deixem de ser invisíveis e participem do acontecimento.
Jean Rouch
Can't stop thinking about the day when I, as a child, finally realized that I existed. I was at the laundry, staring the clothesline and right behind it there was a side view of the forest landscape out there. The clothes hanging up there, side by side, within the green leaves, a little far away, trough the window.
Fui diversas vezes à lavanderia sozinha. Acho que isso tudo porque uma vez, ao acaso, vi a água da máquina de lavar formar um turbilhão, um tornado, no tanque.
Água suja, esbranquiçada pelo sabão.
Eu tentava por o dedo indicador bem no meio do redemoinho. Na minha cabeça, numa competição imaginária, ganhava quem conseguisse ficar o máximo de tempo com o dedo ali sem deixar molhar. Virou tipo um vício. E, numa dessas vezes, percebi que eu existia.
Hoje saindo do banho percebi que eu existia. Na verdade eu tenho lembrado disso em muitos momentos nos últimos tempos -- sempre foi algo de uma ou duas vezes por ano -- e, toda vez, toda mesmíssima vez, vejo nossa antiga máquina de lavar, o turbilhão de água cinza no tanque, o varal de teto e, logo atrás dele, a janela, a montanha e as árvores, como um quadro.
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diário estúpido para os 22
no vídeo leio: Oi, Gabriel. Tudo bem? A escrita automática do email me sugere para completar assim. Mas o que eu ia escrever era: tudo o que pensei enquanto assistia esse vídeo.
Meu aniversário está chegando. Não sei se aprendi alguma coisa vivendo. Me sinto deprimida, ansiosa, sobrecarregada e muito covarde. Esse ano escrevi repetidamente em meus cadernos: manual da vida manual da vida manual da vida manual da vida manual da vida manual da vida. Quero sair correndo. Tenho escrito também mamãe papai mamãe papai. palavras fantasia para não topar com a dúvida. covarde, não? não precisaria explicar. a isa mesmo disse que os poemas não precisam de explicação. mas eu faço diários. é minha atividade favorita. e quero explicações pra tudo. manual da vida manual da vida. não sei organizar a vida no tempo. decidi falar com mamãe. ela me disse: faz o mais importante e o resto se der deu.
ela me disse: dá pra chegar do mesmo jeito, só que mais devagar.
mas estamos impacientes porque o mundo é terrível.
tirando os momentinhos.
chegar aonde mamãe? se eu soubesse já estaria mais fácil. topar com a dúvida como quem topa com o mindinho na quina do móvel.
e eu escrevia: quero aprender com a vida. que bom errar.
e talvez seja mentira. talvez. talvez. talvez.
hi, how are you? penso: o que eu sinto é muito estranho e infantil. eles não vão entender.
I am a baby in my universe i´ll live forever
i am a baby in my universe i´ll live forever
uuuu im only 22
i´ll live forever
uuuu im only 22
i´ll live forever.
você nasceu em leão mas os seus amigos estão de férias e não virão.
Você nasceu com o planeta sol mas não é como as estrelas, at all.
Quem sabe como vaga lume on an off
vagalume já está muito bom. sabe, olho pedra e vejo pedra mesmo. mas nossa. Pedra! Pedra! Pedra!
Pedra também já está muito bom.
Mas os seus amigos também vieram só pra ficar com você. mas os seus amigos adiaram a passagem. Mas os seus amigos voltaram mais cedo. Só pra cantar no karaokê. Vaga lume vaga lume vaga lume.
E isso aqui não é pra deixar ninguém preocupado nem nada. É só pra dizer: viver não é estupendo. Mas eu vou, mesmo que doendo.
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artista do corpo e das palavras
Pro dia da minha partida
Tardes de Agosto, Manhãs de Setembro, Noites de Outubro, Abril 2013, (Jaider Esbell)
"As pinturas mais antigas descobertas nas cavernas demonstram que o homem primitivo compreendia melhor o fato de que o objeto do medo deveria ser materializado. Toda a história da magia erótica é uma história de possessão do medo através de sua apreensão. Se a indagação visual limite voltou-se para Deus, isto resulta daquela sabedoria humana mais profunda: não pode haver um amor definitivo onde há medo"
-- Metáforas da visão, Stan Brakhage.
para toda casa que eu me mudo, a primeira noite de sono é sempre invadida por uma preocupação, na verdade uma imagem, que ronda meus sonhos: vejo o ladrão, sempre encapuzado de preto, como esses de desenho animado, pulando o muro da casa ou propriedade e forçando a entrada pela minha janela. acordo. fico imóvel, gelada na cama, sensível a todos os ruídos por alguns minutos. depois passa.
tudo ok.
Me pergunto se realmente desejo ir pra França. Eu quero, mas quando? Desisto de decidir, de me programar. Tudo que programei foi desviado pela vida, ainda bem. Saudade que também me move. Seria legal ir, falar a língua, me afundar cada vez mais no cinema. Seria muito bom. Cinématheque, bolsas na Sorbonne, cahiers. Je ne sais pas.
Isso significaria renunciar o trabalho que conquistei aqui. Sim, considero uma conquista. Ganhar dinheiro respondendo email e reescrevendo argumento de filme. No Brasil. Impensável.
E tem a pesquisa que quero fazer. Quem sabe já não começo ano que vem? Cinema do Espírito Santo...projeto na ponta da língua. Ai Ai.
Mas o intercâmbio seria algo para 2024. Penso em deixar para a pós. Mas a pós, o pós, pós o que? Nem sei se entro nisso. Me formar não é mais uma questão urgente.
Me parece impossível separar esse projeto, o cineclube, da minha própria vida. Voltei para a minha cidade como se tivesse quebrado uma perna. Depois de um bom tempo engessado, aquele osso nunca volta exatamente pro mesmo lugar. Ainda bem. Gosto de pensar que colei, ou estou colando, os vários caquinhos de coisas que em algum momento se quebraram e que por descuido, na hora da limpeza, deixei debaixo do tapete. Cacos e ossos formam a escultura do que ainda está por vir.
Lembrar disso:
"Quando lidamos com arte, às vezes é importante confrontar o estranho, não só lidar com o familiar. As coisas novas e substantivas podem surgir na prospecção disciplinada de uma pesquisa, mas se aventurar no não conhecido na crítica é de onde podem sair as coisas mais interessantes do ponto de vista da intervenção, menos viciadas e sem medo de errar"
"Hoje vivemos a oposição entre a gestão e a imaginação intelectual. A crítica está do lado da imaginação"
(entrevista de Francis Vogner dos Reis, por Euller Félix)
Nesse texto que agora nasce, sobre o Cineclube, ou melhor, nesse texto que já está dentro de mim mas que agora tem deadline pra parir: não ter medo de errar.
O educador Paulo Freire, analisando a importância do ato de ler, diz que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra escrita: “O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo”. Os textos, as palavras e as letras de suas primeiras leituras se “encarnavam no canto dos pássaros; na dança das copas das árvores sopradas por fortes ventania que anunciavam tempestades [...]; nas águas da chuva brincando de geografia:inventando lagos, ilhas, rios e riachos [...]”
Tava me achando muito feia esses dias. Muito feia mesmo.
Mas aí, num passe de mágica, usei um shampoo Darling baratex no banho e botei uma camisola de viúva da minha avó. No fim me achei gatinha na reunião do Festival do Minuto. Tô ok.
Com 15 anos de idade, eu caí de bicicleta numa rua à noite sozinha de uma forma tal que meu nariz jorrou sangue monstruosamente pelo meu rosto e blusa.
Durante aquele ano todo eu fiquei pensando sobre esse acidente. Encontrei há 2 dias isso escrito na última página de Onde Andará Dulce Veiga? do Caio Fernando Abreu, escritor pelo qual eu era alucinada na época:
Dirigia uma van pela estrada que leva até Itacoatiara. Deu problema, a embreagem não funcionava e eu bati em 2 carros tentando dar ré na ladeira. Teve o estranho parto de Girassol. Que de repente era humana, e sangrava.
Mas eis que enfim, talvez na casa em que eu tinha que buscar algo para a Fabíola, Marina aparece. Nós conversamos. Eu digo que eu sabia que era um sonho, olhava pros lados, porque só ali eu podia vê-la, conversar com ela. Ela riu, disse que não sabia o que era sonho ou realidade, podia ser uma coisa ou outra, pra ela era tudo igual. Mas eu disse com afinco “não, é um sonho mesmo…e eu prefiro ficar aqui, porque aqui você não morreu”. Ela respondeu dizendo que não sabia se tinha morrido ou não. Sempre com um sorriso no rosto, se despediu, disse que precisava ir ganhar dinheiro. Aparentemente no céu se compra milagres como poçõezinhas mágicas.
do que você quer fugir?
deste quarto?
desta casa?
dessa cidade?
ou?
dar voltas e voltas de bicicleta só pra adiar a volta
e
por outro lado foi bom parar de beber,
a ressaca estava insuportável e implicava em 1 dia de invalidez
a solidão deixa o trabalho fluir
e o livros chegarem até os olhos
li hoje james baldwin providencialmente na praia
e não encontrei ninguém
me canso dessa vida sola que sempre tive
penso nela e não gosto dela
mas as pessoas que encontrei como um bando
não me preenchem
e acho que essa não seja mesmo
a função delas
Você apareceu no meu sonho. Olhávamos pra uma fotografia. Era uma parte de uma casa amarela, o corrimão de uma escadaria. Você dizia que era sua casa e eu consegui adivinhar onde era: na rua de trás da Igreja do Rosário, uma casarão amarelo antigo que hoje acho que é um capes ou uma casa de idosos. De repente, estamos lá. Acho que tem um cachorro correndo no pátio. Não o vejo claramente, mas gosto de olhar ao redor, para a grama, para o cimento, para o espaço, o poste de luz antigo e a escadaria. A casa tinha bordas brancas. De lá, não sei como, talvez saindo dessa foto, você já tava dirigindo um caminhão, tipo desses escolares, meio quadrados. Eu entrava e era uma sala branca, sala de aula de escola, Monteiro talvez. Paredes brancas, carteiras, piso branco, apagador de quadro azul. Os meninos estavam lá, Thomás falava, mas eu não conversava com eles. Eles brincavam, olhavam pra alguma revista ou livro. Virava pra você, o painel do caminhão dando pra alguma paisagem à noite. Era a cidade, Centro, Rua Pedro Palácios, em frente à garagem do prédio da minha avó. E enfim, com aquela bagunça toda, você dizia que era melhor eu não ir, e sim ficar. Não lembro se obedeci.
Sonhei com Eduardo Coutinho. Ele dirigia um filme. Mas era meu filme, só que com personagens diferentes, do sexo masculino.
Pracinha central de Santa Teresa. Captação de som. Eu assustava as crianças pra poder pegar o som de gritinhos. Fepas captava. Tinha toda uma equipe. Minha mãe assistia no videoassist e à primeira vista não entendia que era só para o som. Eu explicava.
Mas era a história de um jovem que consegue ou analisar ou assistir um momento traumático da vida. Em pé no hospital, se vê adolescente ao lado desse familiar doente, morrendo.
Roteiro e sonhos. Li isso ontem a noite e ficou na minha cabeça.
Criaria uma cena idêntica ao meu sonho. Em que eu acordo no meu quarto e me vejo em diferentes fases da vida. No espelho, atrás de mim…uma com cabelo molhado e roupa de praia. Uma com roupa de aniversário.