Can't stop thinking about the day when I, as a child, finally realized that I existed. I was at the laundry, staring the clothesline and right behind it there was a side view of the forest landscape out there. The clothes hanging up there, side by side, within the green leaves, a little far away, trough the window.
Fui diversas vezes à lavanderia sozinha. Acho que isso tudo porque uma vez, ao acaso, vi a água da máquina de lavar formar um turbilhão, um tornado, no tanque.
Água suja, esbranquiçada pelo sabão.
Eu tentava por o dedo indicador bem no meio do redemoinho. Na minha cabeça, numa competição imaginária, ganhava quem conseguisse ficar o máximo de tempo com o dedo ali sem deixar molhar. Virou tipo um vício. E, numa dessas vezes, percebi que eu existia.
Hoje saindo do banho percebi que eu existia. Na verdade eu tenho lembrado disso em muitos momentos nos últimos tempos -- sempre foi algo de uma ou duas vezes por ano -- e, toda vez, toda mesmíssima vez, vejo nossa antiga máquina de lavar, o turbilhão de água cinza no tanque, o varal de teto e, logo atrás dele, a janela, a montanha e as árvores, como um quadro.
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