sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Para os protagonistas da película, o ‘eu’ do realizador se transforma durante as gravações. Deixa de falar e só grita ordens incompreensíveis (‘Ação!’, ‘Corta!’). Só os vê através de um estranho apêndice, e os escuta através de um microfone. Mas paradoxalmente, graças a este equipamento e a este novo comportamento (que não tem nada que ver com o comportamento da mesma pessoa quando não está filmando), o realizador pode entrar no ritual, integrar-se nele e segui-lo passo a passo. É um estranho tipo de coreografia que, se sai bem, faz que a câmera e o técnico de som deixem de ser invisíveis e participem do acontecimento.

Jean Rouch

Voltando à terminologia de Vertov, quando faço um filme, cine-vejo porque conheço os limites da lente e a câmera; também cine-escuto porque sou consciente dos limites do microfone e do gravador; me cine-movo para encontrar o ângulo correto ou realizar o melhor movimento; cine-edito ao longo da filmagem, pensando como as imagens estão encaixando. Em uma palavra, eu cine-penso.

Jean Rouch

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

"The darkest place is under the lamp..."


p. 46 de "As Existências Mínimas", David Lapoujade